sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Resenha Crítica: Fausto: Uma Tragédia - Parte I

Mais uma resenha... Agora é sobre a primeira parte da tragédia teatral Fausto, obra máxima da literatura alemã, que ocupou cerca de 60 anos da vida de Goethe para ser terminada.

Engraçada, complexa e bastante trágica, é superior a todos os textos de mesmo gênero devido a grandes possibilidades de interpretações e assuntos abordados, sem falar que é nela que o protagonista afirma-se como reconhecido mito literário.

Bom...boa leitura!





Resenha Crítica

            Logo de cara vê-se o porquê do trabalho que ocupou grande parte da vida de Goethe ser considerado uma das maiores obras-primas, não só da literatura alemã, como também da mundial. A primeira parte de Fausto: Uma Tragédia se mostra desde o início como um poema muito bem trabalhado e pensado, feito especialmente para ser encenado.
            Dotada de vários fatores filosóficos e extremamente complexa, a peça não é dividida em atos, mas em cenas, que são ambientadas em diversos cenários. Antes disso, acontecem três prólogos, sendo os dois primeiros Dedicatória e Prólogo do Teatro metarreflexões acerca o conteúdo e produção da obra, bem como uma discussão sobre a real função do teatro para com seus expectadores. O Prólogo do Céu, que vem a seguir, introduz o trama da história. Assim como no livro bíblico de Jó, há uma disputa espiritual entre o bem e o mal, tendo como alvo dessa disputa um homem. Deus acredita que Fausto é essencialmente bom. Pode cometer diversos erros no decorrer de sua vida, mas, no final dela, obterá a luz. Já Mefistófoles pensa o contrário. Por achá-lo mal feito e dividido entre seus instintos animais e racionais, afirma que o protagonista cairá em condenação. O Senhor então autoriza o demônio a conduzi-lo por seus caminhos para lhe provar o contrário. E assim tem-se início a peça em seu plano terreno.
            Fausto encontra-se em seu lar, próximo a cometer suicídio por considerar-se fracassado em obter o conhecimento ilimitado. Estudou todas as ciências possíveis (medicina, filosofia, jurisprudência e teologia) e até fez uso de magia para tal, mas não obteve sucesso. Com seu assistente Wagner, saiu a passeio pelas ruas da cidade, onde passou a ser seguido por um cão. De volta a sua casa, especificamente dentro de seu quarto de trabalho (estúdio), o cão aparece novamente e se metamorfoseia em Mefistófoles. Após discutirem sobre vários assuntos, o demônio lhe propõe o seguinte: fará todas as suas vontades na terra em troca de serviços de sua alma no inferno. Ele aceita, sob o caráter da seguinte aposta: que isso só ocorra a partir de um momento que lhe seja extremamente feliz, ao ponto dele querer que tal momento dure para sempre. Eles assinam um contrato com sangue e passam a andar pelo mundo.
            Após uma confusão que tiveram com estudantes bêbados numa taverna em Leipzig, os dois vão ter com uma bruxa. Dela, Fausto recebe uma porção que o torna mais jovem e belo. Mesmo perplexo e obcecado pela beleza de Helena de Tróia, que enxergou em um espelho mágico, os dois partem. No caminho, ele avista Margarida e de cara se apaixona por ela. Usando-se dos termos de seu contrato, exige de Mefistófoles que a consiga para ele. O diabo sabe que a tarefa será muito difícil devido a pureza e a devoção da moça aos dogmas cristãos. Com presentes e ajuda de Martha, a vizinha da pretendida, que desempenha na peça a função de alcoviteira, consegue um encontro no jardim entre os dois. Para que esse encontro se estendesse ao quarto de Gretchen (como a moça era carinhosamente chamada), o rapaz entrega a sua amada uma poção de sono para que dê a sua mãe. A poção “acidentalmente” a mata. Para piorar a situação, Margarida engravida. Revoltado com o ocorrido, Valentim, seu irmão, um hábil militar, desafia Fausto para um duelo de morte. É vencido e morto pelo protagonista, que teve, para isso, a ajuda de Mefisto.
            Para consolar seu protegido, que encontrava-se desolado por causa de Margarida, o demônio o leva a festa da Noite de Santa Valburga. Lá, bruxas e diversos tipos de criaturas das trevas celebram. Uma delas tenta inutilmente seduzir Fausto, que ao ficar sabendo da condenação à morte de sua amada, culpada por ter assassinado afogado o filho recém-nascido devido a tanto desespero e loucura, exige do diabo que o ajude a soltá-la. No cárcere, mesmo abrindo a cela em que ela se encontrava trancafiada, Gretchen nega fugir. Com pouco resquício de sanidade, mal consegue reconhecê-lo. Acredita que já não possui seu amor e por isso aceita seu destino. Se desespera ainda mais quando avista Mefisto, entregando-se a morte. O demônio a sentencia culpada, mas um coro angelical rebate afirmando que ela salvou-se, devido a sua pureza e inocência. E assim termina a primeira parte da obra.
Mesmo não conhecendo nada da língua alemã, vale destacar a excelente tradução para o português, feita por Jenny Klabin Segall. Percebe-se isso pela notas e comentários contidos no rodapé, feitos por Marcus Vinícius Mazzari, que apontam a todo momento o respeito que a tradutora teve em manter as rimas e estruturas do poema como um todo, bem como sua originalidade e genialidade.
Como opinião pessoal, afirmo ser esta a melhor obra teatral que já li. Mesmo possuindo uma complexa rede filosófica em sua formação, onde se chocam valores contrários, tais como religião, magia, alquimia, o bem o mal, assim como importantes fatores políticos que moldavam o mundo na época de sua construção, como por exemplo a Revolução Francesa e o início da Revolução Industrial, é fácil entender o seu enredo e identificar algumas questões que lhe conferem valor literário, sendo o principal delas a busca do homem em descobrir-se a si mesmo, respondendo suas dúvidas e anseios.

domingo, 14 de outubro de 2012

Amor Obsessivo

O texto a seguir foi escrito por Isabella, uma de minhas alunas do 9º ano.


Isso prova que ainda há muito potencial, imaginação e criatividade dentro das salas de aula das escolas públicas. Basta saber procurar e incentivar...



 Valeu, Isabella!



  
Amor Obsessivo



Num belo dia ensolarado, onde todas crianças corriam e brincavam de pega-pega, nadavam na piscina do Clube São Paulo para se refrescar, um jovem branquinho, de cabelos loiros e olhos verdes, chamado Pedro, fazia 17 anos. Sentado no banco da quadra de basquete, vendo seus amigos jogar, olhou para o lado e viu uma garota bem clarinha, de olhos castanhos e longos cabelos pretos.
Ele olhava-a admirado, quando seu amigo Carlos chegou perto e disse:
- Gostou?
- Muito...
- Vai lá então, cara! Fala com a menina!
- Vou falar o quê?
- Chama ela para sair ou tomar um sorvete na cantina do clube.
- Humm... Beleza. Vou lá!
Pedro chegou perto dela e perguntou:
- Como você se chama?
- Laura. – respondeu ela, assustada. - Por quê?
- Gostei de você e gostaria de saber se queria tomar um sorvete comigo.
- Desculpe-me, mas não posso.
- Por quê?
- Não trouxe dinheiro.
- Isso não é problema. Se eu chamei, eu pago! – insistiu ele.
- Bom... Assim eu topo.
- Daqui meia hora na cantina do salão.
- Ok. Estarei lá.
Eles despediram-se com um beijo no rosto.
Pedro voltou com um enorme sorriso estampado na cara. Chegou para Carlos e disse:
- Consegui! Vou encontrá-la na cantina para tomar um sorvete.
- Falei que ela não iria resistir. Conheço as mulheres! – riu Carlos.
No horário e local marcado encontraram-se. Enquanto saboreavam sorvete, Pedro de chocolate e ela de morango, ele parou, puxou a menina pelo braço e perguntou:
- Você aceita namorar comigo?
Surpresa com a atitude do rapaz, ela olhou para seus olhos verdes e secamente respondeu:
- Não.
- Por quê?
- Não posso. Tenho que ir embora!
- Então pelo menos me passa o número do seu telefone...
Após passar seu número, foi embora.
Pedro, totalmente apaixonado por Laura, não conseguia parar de pensar nela. Não comia e tampouco dormia direito.
Na semana seguinte, voltou ao clube. Estava um dia tão belo como aquele. Pegou seu celular e mandou uma mensagem para ela, dizendo tudo que sentia por ela e a queria ao seu lado. Novamente pediu:
“Quer namorar cmg?”
A resposta de Laura veio seca, novamente:
“Naum”.
Mas Pedro não desistiu e de cinco em cinco minutos mandava a mesma mensagem:
“Vc aceita namorar cmg?”
Mas ela não respondia mais.
Pedro ficou apavorado e, com um objeto pontiagudo que encontrou, se cortou, escrevendo “Laura” em seu braço. O corte começou a sangrar e doer muito. Desesperado, pulou na piscina, mas não conseguiu nadar por causa da dor. Então, morreu afogado e de amor.